Muitos jovens ainda admiram e se comprometem com a continuidade do Terno de Reis da zona rural do Alto Sertão baiano. Sob o olhar atento de seu Joaquim os "Meirins" de Lagoa da Torta, comunidade quilombola localizada no município de Igaporã, teimam em manter esta tradição sertaneja.
O terno Estrela Guia reuniu-se pela primeira vez para apresentar-se em um concurso cultural e contou inicialmente com seis integrantes, número considerado mínimo para um grupo de terno, sendo três meninas e três meninos. Entre os integrantes que permanecem e mantem o grupo estão dois filhos de seu Osmar e dona Donizete, os irmãos Osvaldo e Glicério.
O grupo, que ainda não possui instrumentos próprios, conta com a ajuda de seu Joaquim, reiseiro antigo, que além de acompanhar e orientar o terno em seus ensaios e apresentações também reúne os instrumentos disponíveis na comunidade para que o grupo avance no ideal de se firmar como um terno de reis que mereça o reconhecimento de representante do Reis na localidade de Lagoa da Torta, município de Igaporã.
A ideia de seguir com a tradição do terno vem junto com as histórias contadas por Osmar e dona Donizete que possuem na família diversos integrantes de terno. Foi ouvindo essas histórias que Osvaldo seguiu para assumir a primeira voz no terno, junto com o seu instrumento, a caixa e que Glicério entrou com a voz de resposta, segunda voz e o bumba. Essas duas funções são de grande responsabilidade e representatividade para a manutenção de um grupo de terno.
Não é fácil e nem está cumprido o desafio assumido pelos “Meirins” de Igaporã mas a existência deles, junto com outros, demonstra como a manutenção da tradição está em grade parte ligada à memória, às boas lembranças e à paixão das gerações que conviveram tão intensamente com esse costume e que tem nos “Meirins” uma oportunidade de conviver com o Terno de Reis e ainda apresentá-lo às novas gerações.